quarta-feira, 29 de abril de 2015

EX. CATADOR DE LIXO CURSA DOUTORADO

Procurar por materiais recicláveis, como plástico, alumínio, vidro e papelão, no lixão e nas lixeiras de Piedade (SP), no interior de São Paulo, foi por mais de dez anos a realidade de Dorival Gonçalves dos Santos Filho.

Graduado em letras e atualmente com 32 anos, hoje o rapaz cursa doutorado em linguística em uma universidade federal e diz que deixou de se sentir invisível. “As pessoas não enxergavam que a gente estava lá [no lixão]. Não queriam ver. Me sentia no mesmo patamar que os cães que fuçavam os restos.”
Ex-catador de recicláveis se torna professor e investe em doutorado (Foto: Arquivo pessoal/ Dorival G. S. Filho)Com 5 anos, Dorival dividia tempo entre a escola e
as lixeiras (Foto: Arquivo pessoal/Dorival Filho)
 
Dorival esteve pela primeira vez no lixão com apenas 4 anos de idade. Na época, ele vivia com a mãe, um irmão e três irmãs em uma casa na periferia de Piedade.

O linguista conta que a mãe reuniu a família e também vizinhos para ir ao aterro sanitário da cidade porque todos passavam dificuldades. “Lembro que fiquei doente porque a gente passava fome, mas ainda não ia sempre ao lixão, só quando a situação apertava”, afirma

Aos cinco anos, Dorival foi matriculado em uma escola pública e começou a dividir o tempo entre as lixeiras da cidade – durante a manhã – e os estudos, à tarde.

 Além de recolher materiais, ele acompanhava as irmãs para vender alfaces que a mãe plantava em casa. “Meu pai trabalhava na área de construção em outras cidades e vinha para casa uma vez por mês, no máximo. O dinheiro que ele trazia não era suficiente. Tentávamos sobreviver de todas as formas”, lembra.

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